A centralidade dos episódios 4 e 5 estão na história de Jairo, chefe da sinagoga de Cafarnaum, e de uma mulher hemorrágica que há doze anos vem sofrendo com a doença e gastando todo seu recurso com médicos, porém sem solução. Ambas histórias são registradas nos evangelhos sinóticos, ou seja: Mateus, Marcos e Lucas. (Mt 9.18-26) (Mc 5.21-43) (Lc 8. 40-56)
Jairo vem lendo os relatórios que falam de Jesus, suas mensagens e sinais, e sua fé começa a aumentar, crendo que de fato o messias esperado chegou. Sendo chefe de sinagoga, ele sabe que essa fé deve ser mantida secreta, pois os religiosos da época não gostavam de Jesus. Porém, quando sua filha de 12 anos, fica doente a beira da morte, ele vai buscar a ajuda de Jesus. Neste percurso do mestre até a casa de Jairo, uma multidão o segue e no meio desta multidão a mulher hemorrágica toca nas vestes de Jesus, pois acreditava que assim seria curada.
É importante observar que de acordo com a lei de Moisés, uma mulher no período menstrual era considerada impura, e tudo o que ela tocasse era considerado impuro. Sendo a hemorragia desta mulher contínua, ela estava há doze anos sendo tratada desta maneira. (Levítico 15.19-33)
Compreendendo isso, podemos afirmar que esta mulher corria sérios riscos de linchamento por estar no meio da multidão se arriscando tocar nas pessoas podendo deixa-las impura. Porém a sua fé falou mais alto, e Jesus reconhece isso após lhe curar. O mestre reconheceu a fé dela e a chamou de filha. Ao chegarem na casa de Jairo, os flautistas e as carpideiras já estavam atuando. Toda cerimonia fúnebre de pessoas importantes deveria ter músicas de luto e pessoas chorando, por isso havia um comércio paralelo onde se podia contratar tanto os flautistas quanto as mulheres para chorarem (carpideiras).
Jesus expulsa todos, permitindo ficar apenas os pais e os 3 discípulos mais chegados, Pedro, Tiago e João. O mestre chama pela menina e lhe restaura a vida.
Analisando as duas histórias, podemos encontrar alguns paralelos e contrastes interessante. Enquanto Jairo se alegrava com sua filha há 12 anos, a mulher sofria com a doença há 12 anos. Jairo era rico, a mulher pobre por ter gasto tudo que tinha. Jairo era conhecido na cidade, ela era anônima pois vivia fugindo de um lugar para o outro. Jairo era chefe de religião, enquanto a mulher era expulsa da religião por estar sempre impura.
Ambos encontram solução e refúgio em Jesus.
Ainda nos episódios vemos os discípulos que saíram de dois em dois para pregar as boas novas, retornando animados pelos resultados, apesar de não conseguirem ainda compreender bem todos os mistérios envolvendo o exercício dos dons no nome de Jesus.
Também Simão Pedro e sua esposa Éden estão em um pequeno conflito, pois ela perdeu o bebê e ele não sabe o que se passa. Como fuga dos desentendimentos no lar, aceita a proposta de Gaius para concertar o poço e resolver o problema de água na cidade.
Jesus traz orientações aos discípulos sobre o jejum e a necessidade de uma nova mentalidade para entender a chegada do reino dos céus. As palavras ditas estão registradas em Mateus 9.15-17:
Jesus respondeu: “Como podem os convidados do noivo ficar de luto enquanto o noivo está com eles? Virão dias quando o noivo lhes será tirado; então jejuarão.
“Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, pois o remendo forçará a roupa, tornando pior o rasgo. Nem se põe vinho novo em vasilha de couro velha; se o fizer, a vasilha rebentará, o vinho se derramará e a vasilha se estragará. Ao contrário, põe-se vinho novo em vasilha de couro nova; e ambos se conservam”.
Por Lediel dos Santos
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